terça-feira, 30 de abril de 2013

CAFÉ LITERÁRIO de 30 de abril 2013 - Foi bom ter vocês conosco!

Agradecemos aos participantes da Oficina de Textos que prepararam contos para serem lidos no Café Literário de hoje  - 30 de abril 2013:

Judith Cardoso
Christiane Lopes
Fernanda Torres
Mario Augusto C. Pinto
Mario Tibiriçá
Maria Luiza C. Malina
Oswaldo Romano
Suzana da Cunha Lima


Agradecemos aos Diretores e funcionários do Departamento Cultural do Clube Alto dos Pinheiros, pelo empenho e pela organização do Café Literário.

Agradecemos aos redatores da revista Mais que lá estiveram cobrindo o evento.

Agradecemos ao ICAL que gentilmente aceitou nosso convite e lá esteve prestigiando o evento:

Dinah Choichit
Dinah Ribeiro de Amorim
Eliana Dau Pelloni

Agradecemos à Ivy Freitas - Presidente do Fotoclube O Frame de São Vicente -  que se empenhou em fazer as fotos do evento para a Oficina de Textos.

Agradecemos, principalmente aos convidados que nos engrandeceram com suas presenças. 

Para nosso próximo Café Literário propomos que também os convidados façam leitura de seus textos.















































Muito Obrigada senhores escritores CAP!






HOMENAGEM DE ROMANO PARA A OFICINA DE TEXTOS






Homenagem de Oswaldo Romano à Diretoria Cultural do CAP, e à mestra Ana Maria Maruggi, por ocasião do Café Literário ocorrido em 30 de abril de 2013.

ANA MARIA MARUGGI

     O Mistério Do Baú Recheado De Bebidas. Para ler este conto, destacado pela nossa MONITORA, embora não mereça nenhum destaque, e sim, quem merece ser destacada aqui é ANA MARIA MARUGGI nossa MONITORA. Graças a sua aplicada conduta, tem conduzido esta OFICINA DE TEXTOS com impar sabedoria. Parabéns à você ANA MARIA e a Diretoria do Clube na pessoa de Suzana da Cunha Lima.
      Eu, e certamente os companheiros, AS MENINAS E OS MENINOS que concordam comigo, assim como, com a ajuda dos convidados, peço me acompanhem numa efusiva SALVA DE PALMAS, em especial, para a Monitora: ANA MARIA MARUGGI. – 30/04/2013

segunda-feira, 29 de abril de 2013

CRONICA - Maria Luiza de Camargo Malina




CRONICA
Maria Luiza de Camargo Malina


Como um passarinho molhado pela chuva, todo franzino e recostado... la estava aquela mulher de uns 50 anos mais ou menos, recostada a uma gorda e negra enfermeira, sua acompanhante que, de vez em quando em silencio, lançava os olhos ternos para sua paciente que tentava puxar uma prosa mostrando um esforçado sorriso. com uma criança parda de chupeta na boca com seus 5 anos, que pouca importância lhe dava remexendo  cabeça um lado para o outro.

Virava-se para sua acompanhante que retirava receitas e mais receitas da bolsa e lhe explicava algo, era um monologo, pois em seguida seu olhar vago a protegia de qualquer responsabilidade.

Seus traços estrangeiros denotavam que deveria ter sido uma bela moca, cabelos esbranquiçados, longos ao ombro, penteados ao meio, as macas do rosto salientes e algum problema renal, talvez, tornavam seus olhos mais puxados pelo inchaço, o aspecto doentio refletia em toda sua falta de brilho na pele manchada e nos lábios descorados.

A roupa preta parecia que a recolhia a uma intimidade dos seus pensamentos mais sombrios e longínquos, num olhar sem transparência, parado junto a um tempo que não mais existia.

O que teria acontecido com ela, teria uma família? Teria esquecido sua alma no pais em que nasceu? Quis aproximar-me dela para conversar e com isto mudar, por instantes, seus pensamentos, mas neste dado momento,  o medico cita meu nome e devo entrar para a consulta.

Com o pensamento preso a esta mulher tão sofrida, entrei sorrindo e nem me lembrava mais do meu problema – ah! Sim! Uma verruga no peito que deveria ser cauterizada...

Vertigem - Christiane Lopes



 


Vertigem
Christiane Lopes


A minha fraqueza se instaura na falta de sentido, no tédio.

O sentido é diáfano, transparente, ele vem como uma faísca e se afasta. O sentido é uma miragem, um flash. Quando tento pegá-lo ele se dissolve no nada.

Minha força vem do meu desejo, quando ele me falta, quando a nada se prende, caio no abismo, me desmaterializo numa existência vazia, sem sentido, sem sangue, sem ar.

A vertigem é a falta de sentido que se corporifica em mim; meu corpo é um fantasma, uma sombra do que um dia pode ser.  A vertigem vem quando tendo ser sem ser; não tenho mais cumplicidade com a vida, não tenho forças pra carregar meus sonhos, eles se dissipam no tempo e meu corpo é oco, flutua conforme o vento, treme vertiginosamente pelas esquinas que dobro.

Às vezes vislumbro algo, tento pegar, parece verdadeiro, forte, pleno, no entanto, se dissolve no ar, perde a força, se esvazia no passar das horas...De novo caio no abismo do tédio.

A vida pra mim é plena e lateja conforme instauro o querer em algo que me movimenta, me absorve, me significa; aí sou total, sou força, domínio. Quando esse desejo se esvai eu caio na vertigem de mim mesma, viro Hamlet: “Ser ou não ser?” Onde sou?

Na Biblioteca. - Maria Luiza de Camargo Malina.


 

Na Biblioteca.
Maria Luiza de Camargo Malina.


O dia começa suspenso no ar. O que fazer se a leve névoa da indecisão esbarra em você, com tantos compromissos assumidos.

Rapidamente Marie decide não encarar o frio cortante que esta lá fora e olha carinhosamente para a ampla biblioteca de sua casa e de tão pouco uso.

As cores dos livros precisamente enfileiradas a atraem e, observa pela primeira vez no silencio, a mudez que a biblioteca tem...cria de imediato uma cumplicidade carinhosa com esta solitária biblioteca.

Quantas letras uma após a outra formando palavras que jamais seriam lidas, estariam a sua espera? Ou de alguém? Mas quem seria este alguém? Sente  um certo ciume de seus livros.

Percebe que torna-se difícil  separar a sensação de sentimentos e entrega-se na decisão consciente da aceitação de um encontro marcado. Vasculha com os dedos irrequietos algum título. Nada de poeira, tudo absolutamente limpo, livre e leve.

Assim as cores começam a engolir a sua curiosidade até o momento em que seus dedos se deparam com um determinado título acariando-o e abrindo a primeira página lentamente.

O envolvimento torna-se frenético e não percebe o correr das horas. Encontra seu refúgio e seu grande amor platônico – que há muito a esperava – na biblioteca.


Desabafo - Christiane Lopes




Desabafo
Christiane Lopes

17.07.07

Nunca mais quero a verdade pairando agressiva sobre minhas utopias, nunca mais quero o sorriso árduo de encarar os fatos, o passado, a verdade nua e crua se derretendo sobre meus sonhos, minhas esperanças, meu amor. Por que é tão difícil encarar o passado e alguns acontecimentos? Por que não ficamos com o que nos parece e insistimos em despir os sonhos, vasculhar nos desejos, cutucar na alma do que já fomos? Eu me sinto como se a verdade tivesse me colocado em um pesadelo, parece que a realidade abriu as portas e deixou entrar uma atmosfera insólita, quase irreal...Preferia continuar com a falsidade dos meus sonhos do que encarar a face seca e pesada dos fatos. Não sei, acho que meu passado me condena...Trás até mim alguns discursos e idéias que eu não gostaria mais de participar, acho que não sou mais cúmplice de mim mesma, queria voltar a um tempo onde eu não sabia tanto, não perguntava tanto, não estava tão aberta aos desafios, as diferenças e as verdades de cada um. Como é difícil sustentar o que pretendemos ser, como é sedutor negar o que fomos, dissemos e defendemos e tentar, talvez, se refazer em alguém mais simples, mais óbvio e menos curioso. Ah! Se eu pudesse voltar atrás e não ter perguntado e nem investigado e nem me colocado disponível as verdades; como eu gostaria de dormir o sono tranqüilo de quem desconhece a verdade, de quem ainda se ilude com a simplicidade da vida. Não, decididamente a verdade não foi feita para ser dita...a verdade de cada um a cada um pertence e deveria ser mantida em segredo.

Parece que tudo se transfigurou e de repente o ar está pesado, os dias estão longos, a solidão e a incomunicabilidade paira entre as bocas e os olhos acesos.
Quanto tempo eu fiquei sonhando, tentando acreditar que buscava fantasmas no dia, no entanto, era noite e os fantasmas estavam, realmente, pairando nas minhas costas.

Ela. - Maria Luíza de Camargo Malina.



Ela.
Maria Luíza de Camargo Malina.


Ela caminhava no seu devagar, flutuando pelos ares, arrancando suspiros por quem tivesse a felicidade de cruzar neste exato momento de seu leve e perfumado flutuar.

Maria não era assim, era apenas um fardo pesado a se arrastar vagarosamente dentro de si mesma,  junto a essa lentidão de mal querer que impregnava seu coração ferido com a dor da descoberta certificada de um mal entendido que persistia em acompanha-la sem qualquer pudor ou piedade.

Ela vivia de uma forma de ver e ser vista, talvez, se amasse  a si própria e isto lhe bastava. Não se preocupava, estava triste demais para pensar em uma possível vingança e, costumava dizer que era apenas uma inveja branca (!!!)

Neste seu rastejar torturante de menina perdida em meio a selva, consegue olhar-se no espelho e, um sorriso se abriu em seu rosto iluminando novamente o seu caminhar no seu devagar.

HISTÓRIA ROMÂNTICA – HISTÓRIA DE AMOR. - Mario Augusto M.Pinto




HISTÓRIA ROMÂNTICA – HISTÓRIA DE AMOR.        
Mario Augusto M. Pinto                     


Estamos, Letícia e eu, indo ao MASP para ver a exposição das obras dos Modernistas..

Paramos na esquina do Parque para atravessar na faixa de segurança quando tive a ideia e disse á Letícia:

-Lê, é cedo ainda. Vamos dar uma volta no parque.

-Não é meio perigoso, não?

-Não, mas podemos ficar perto da entrada.

-´Tá bem, disse.

Fomos.

Eu queria rever o parque, recordar das vezes que ali passeamos e ficamos ouvindo o piar dos passarinhos, sentindo o vento roçar nossos rostos, sentir o cheiro das arvores e das plantas, caminhar de mãos dadas, apertadas como se estivessem algemadas, o meu falar pra Lê do quanto eu gostava dela. Gostava e ainda gosto. Falei isso pra ela e ela disse:

-Mas ...

-Você se lembra? Eu ficava olhando pra Você. Eu ficava como um raio de sol aguardando alguém abrir a janela para iluminar um quarto. Esse alguém sempre foi Você.
-Mas Você...

-Como era gostoso olhar seu rosto, como me olhava embevecida, observar as mudanças de sua expressão conforme eu falava.  Lembro que eu falava muito...Parecia um disco na vitrola...como era bom...

-Mas Você nunca...

-É verdade. Eu devorava Você com meus olhos, a sua beleza, como Você era e continua linda. Eu dizia que Você era a Madona com riso aberto, claro; seu jeito era meigo, calmo, tranquilo como sempre esperando um agrado; Você com voz suave dizendo que gostava de ficar comigo. Eu sempre vou gostar de ficar com Você. Sempre vou estar onde Você estiver. Sempre...
-Mas Você nunca disse...

-Você é pra mim a luz que ilumina minha vida, Lê, e o meu gostar será eterno.
-Mas Você nunca disse “eu te amo”...

-Nem nunca vou dizer!

Isso foi um choque tremendo pra Lê, eu percebi. Seu rosto ficou transtornado, seus olhos de mirtilo brilhante ficaram opacos, começou a tremer como palmeiras ao vento dizendo:

-Não, não, não é possível...

-Lê, calma Lê, não é nada do que Você está pensando! Dizer que amo Você é nada comparado com o amor que sinto. Não há palavra pra dizer o que eu sinto! Posso até dizer que Você é minha deusa, mas é pouco. Você é mais, muito mais.

Lê ficou mais calma, me abraçou e disse:

-Nunca mais faça isso comigo, posso não aguentar...

-Lê, então eu digo: amo Você mais que todo o amor a tudo que existe. Você me faz viver. Você é o mundo em que vivo.

Nos  abraçamos e nos beijamos, um beijo longo, gostoso, como nunca tínhamos nos beijado.

As pessoas que passavam nos olhavam e davam aquele sorriso de alegria e inveja.
Não fomos á exposição. Fomos para casa, apressados, terminar nossa conversa.

Mario Augusto Machado Pinto                            



domingo, 28 de abril de 2013

A LUA - Oswaldo Romano


A  LUA

Oswaldo Romano


Ela sempre inspirou o romantismo da moçada de todas as raças. Marcava a lembrança das noites felizes e amorosas quando os namorados trocavam palavras doces, juras de amor, e juntos a miravam com olhos enternecidos. Mal sabiam que a lua estava minguando para eles.

Fitada com pureza, devoção, ternura e muita admiração por olhares afetados de todos os recantos da terra, distribuía seus reluzentes e fluentes raios que provocavam as mais belas inspirações.

Vieram as descobertas espaciais...

Impaciente, o homem com seus brinquedos esquisitos desfizeram diabolicamente estes sentimentos encantadores, tocando seu solo e relatando ao mundo a composição da sua superfície: Cheia de profundas e negras crateras, saliências pontudas e enorme lençol de pó!

Acabaram com  o romantismo e as faladas virtudes do São Jorge, seu santo defensor, que desde criança, era respeitado, temido pela sua reluzente espada.

Por que vocês desmancharam os sonhos de tantas gerações?
Agora tento enganar a deusa da minha rua, ela tem os olhos onde a lua vinha buscar a claridade.

Senhores americanos e russos. Sob pena de assistirem ao desmonte destes jovens, vítimas da descrença, desesperados, já não andam bem da cabeça, são amantes perdidos.
Prometam senhores donos do mundo, que usando todos seus sábios poderes, irão construir, lá no chamado Mar da Tranquilidade, um jardim encantado.

Faça-o com o poder, digno como o eternamente sonhado, uma justa compensação à frustração por que estes amantes estão passando.. Quiçá uma nova e emocionante atração às futuras viagens nupciais!

Eles esperam amando-se num poço de dor e amargura, mas só darão o tempo até chegar o desespero. Cuidado! Poderão se transformar em babélicos nos próximos anos.

COMPARAÇÕES. - Mario Augusto C. Pinto





COMPARAÇÕES.
Mario Augusto C. Pinto

Descendo a rua vejo o pessoal no bar do seo Joca.

São sempre os mesmos;até parece time de futebol de várzea. Falam de Deus e do mundo. Sei o que eles falam a meu respeito começando com o apelido: Mac. È  Mac de macaco porque sou muito peludo e grande como um orangotango. Eles dizem que não é, mas eu sei. Ando balançando o corpo e às vezes gesticulo desordenadamente como galhos de árvore nas tempestades. É mais um motivo. E os meus pés? De tão grandes, dizem que posso usá-los como ski e pegar onda no mar. Minhas mãos podem servir como raquetes de tênis e se juntar as duas segurar uma pizza inteira.

Quando vou á piscina do Pacaembu todo mundo fica me olhando. Há até quem diga que minha pelagem lembra o urso americano. Pelo meu tamanho e barriga sou visto como e chamado de baleia.

Gozado é quando vou cotar cabelo: o limpador varre e diz que precisa usar um saco de lixo especial. Brincando, mas não muito, o barbeiro diz que eu devia cortar o pelo num pet shop! Não digo nada, dou risada, mas não dou gorjeta.

É muito chata essa situação. À voz pequena dizem que sou muito feio e burrinho. Tenho testa muito estreita por causa do meu cabelo quase emendar com as sobrancelhas. Na verdade faço muita gazeta na escola e sou um pouco lento. Mas por dentro sou um gozador.

Eu não ligo pra essas coisas que dizem; entram por um ouvido e saem pelo outro.

A prova é que tenho uma namorada que é um bijú e gostosinha.
De burro não tenho nada.

Afinal, sou tricampeão de xadrez do bairro.

Mario Augusto Machado Pinto                       26-04-2,012
marioamp@terra.com.br

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Traição - Mario Tibiriçá


Traição
Mario Tibiriçá


Ele chegou já à noite, e disse para a mulher:

— Dolores, são nove horas, estou muito cansado, vou dormir.

— Está bem. Vou ver a novela e depois vou me deitar.

Paulo José Fragoso, 48 anos, médico, não era muito expansivo, falava pouco e quase sempre estava mal humorado. Casado há quinze anos com Dolores, apenas tolerava a mulher. Esta por sua vez, suportava o casamento apenas pelo bem estar, já que Paulo ganhava bem e supria a casa pagando contas e o lazer.

Quando a esposa refastelou-se na cama, empurrando um pouco o marido, este resmungou dizendo que eram duas da madrugada.

O grande relógio da sala havia batido três badaladas, quando o telefone tocou estridente. Paulo José resmungou outra vez, apenas desligando-o.

Alguns minutos depois, tocou de novo.

— Porra, será possível que não me deixarão dormir esta noite! – exclamou irritado, batendo o fone em seguida. Mais um novo toque, e o médico finalmente atende esbravejando um já dizendo um irritado “alo”.

— Boa noite. É da casa do Dr. Paulo José Fragoso? – perguntou a voz do outro lado da linha.

— É sim. O que deseja a esta hora da madrugada? – perguntou sonolento o homem.

— Sou o Dr. Geraldo Moreira, Delegado chefe da Quarta Delegacia de Polícia. Fui chamado para averiguar um caso, e chegamos à sua pessoa...

— Mas que diabo eu tenho comisso – perguntou inquieto o medico.

— Veja Dr. Paulo, trata-se de assassinato...

— Como assim?! – interrompeu o homem.

— Sim, assassinato. E temos seu nome e telefone como referência...

— Mas, o que houve Delegado? – já curioso.

— Fomos informados que foi encontrado no Beco do Cajú, o corpo de uma jovem de aproximadamente vinte anos. Ela estava seminua e tinha a garganta cortada. Junto à cena encontramos no sutiã da moça, um bilhetinho que dizia: “Meu amor, meu telefone, minha vida, meu dinheiro, e eu somos teus...”. O telefone que estamos falando é o seu, pois não?

— Deus do céu! – exclamou Paulo José.

Já há um ano andara loucamente apaixonado pela morena Jurema, linda de cabelos negros, olhos verdes, boca delicada, fartos seios e lindas pernas.

— Dr. Moreira, trabalhei até bem tarde hoje no hospital, estou exausto, e sou acordado nomeio da noite com um assunto assim tão escabroso...

— Pois bem, Dr Paulo, face à sua exposição, não mais o incomodarei esta noite. 
Aguardarei o senhor amanhã às nove horas na Delegacia para esclarecimentos.

Meus Deus! – pensou Paulo José ao desligar o telefone.

— Quem era, Paulo? – quis saber Dolores.

— Apenas um cliente... – respondeu.

Esta evidente que o medico não conseguir dormir depois de tudo isso. As imagens da briga com Jurema não lhe saiam da cabeça. Tudo aconteceu porque Jurema andava encantada por um jovem seu vizinho de apartamento.

Estava tudo tão tranquilo naquele motel! Paulo José apaixonado pela linda morena escrevia mensagens de amor nos guardanapos: “Na incerteza do amanhã, te darei hoje toda a felicidade, meu amor, minha vida, e meu dinheiro” – assinando com nome completo e telefone. Este, ela guardou no sutiã. Infelizmente Jurema voltou a falar no tal vizinho, que também lhe mandava versos. O ciúme, então alucinou completamente Paulo, que aos gritos partiu para agressão, a  raiva e os tapas. Iniciou-se ali um conflito.

O homem completamente enlouquecido tomou a faca serrilhada do pão, e de um só golpe, cortou a garganta da jovem, que desfaleceu ensanguentada.

Paulo José, não entrou em pânico. Prático, sabendo bem o que fazia, limpou o ferimento, colocou uma bandagem com a toalha de banho, arrumou o quarto, e carregando a desfalecida moça, ultrapassou a portaria brincando que ela bebera demais.

Depois jogou o corpo num beco qualquer.

Recomposto, foi para sua casa...