quarta-feira, 27 de março de 2013

MEMÓRIA – INFÂNCIA - Oswaldo Romano







MEMÓRIA – INFÂNCIA
Oswaldo Romano

Trago na memória uma cena da infância. A pedido da Oficina de Textos, conto como se retrocedesse no tempo.

        Aquela época era muito boa. É uma agonia a saudade dela. Queria voltar, coisa impossível. Mas fecho os olhos, vejo no escuro estrelinhas,  procuro e uma janela se abre, entra a luz. Vejo neblina, quero desvendar e o que aparece? Está muito embaçado. Uma menina? Um menino? É um menino! Sou eu... Sim sou eu! A roupa, calça curta, o cabelo loiro, a franja, descalço!

        Nessa idade não via o futuro. Impossível! Estamos no ano de 1942 nesta cidade de Mineiros do Tietê. Só falta um ano para eu ir embora. Vou para São Paulo. Meus pais, filhos de italianos, mal se tocam que o Brasil está em guerra. Pensam que a Itália vai ganhar. Não corro perigo porque ainda tenho só treze anos. Bem... Ainda dá tempo para pensar. Às vezes tremo, depois, claro, me acalmo.

        Vou cuidar da vida. Já sou responsável. Todo dia levo as cabras para pastar, coisa repetitiva. Vou onde a cidade se acaba. Lá encontro com meu amigo Aparício, ele com as dele. Também pastoreia.
        Chegou antes de mim. Já vi, está lá.

        — Aparício. Oi Aparício. Segure seu bode. Ele quer mexer com minha Cabana. Esta cabra é muito amorosa.
        — Oi Wado Chega ai. O que vamos fazer hoje?

        — Esta muito calor! Os bodes e cabritos vamos amarrar por aqui. Longe um do outro para não cruzar as cordas. As cabras, vamos soltar naquele terreno vazio, como já fizemos antes.

        — Ontem choveu, vamos nadar? Será que o rio não está muito sujo? Quer arriscar? Vamos p’ra lá?

        — Vamo embora baixinho, elas vão ficar bem aqui. Tem muito capim. Se ôce quisé ficá, p’ra nóis só tem mangas no pomar do Angelim.

        — Não, não doido. Hoje ele está lá. Vamo nadá no rio de baixo.
        — Boa ideia, vamo!

Depois de três, quatro horas, a noite estava chegando.

        — Wado, vamo embora seu, é tarde. Correndo tá?

        — Tá.

        — Upá, veja, estão lá. Parício, lembra o ano passado. Olhe, perto do Natal não podemo fazê isso, não. Lembra? Levaram um cabrito nosso.

        — Parício reúna as de fora, vou ver as cabras do terreno.  — Aparício, Aparício, segure ai as cabras, está faltando a Cabana. Hoje ela veio sem canga. Iiiii rapais, acho que fugiu! Espera, tem um buraco na cerca da véia.

        — Espera, eu vou lá.

        — Não, não, a Cabana é minha e você, tiziu como é, vai apanhar. Ali mora a Piva, a do falecido coveiro.
  -   Levo o estilingue?
        — É bão, de repente...
Cheguei dizendo: —Sabe dona, minha cabra entrou aqui na sua quinta. A cerca está ruim, tem buraco...

        — Sim, sim e essa desgraçada comeu toda minha alface. Buraco eu vou fazer em você!

        — Hááá dona... Ela é inocente, um animal...

        — O animal  são vocês com essas cabritas. Já bati. Ela apanhou muito, agora vai aprender, está presa.
        — Ouvir a velha falar isso, doeu meu coração.

Fiquei quieto, suspirei, vou contar o resto junto com o Parício, pra conta uma só vez.

        Parício estou chegando, graças a Deus ela soltou a Bita...

        — Conta como foi. Conta como foi.

        — Foi duro Tiziu, quem escaramuçou fui eu. Cheguei e fui dizendo:

        — Dona, por favor, posso levar minha cabra?

Falei... Falei muito com ela, ai rapais, ela estourou. Ouvi cada palavrão e xingamento: A puta que te pariu...moleque besta, cachorro! Nessa ora desmanchei, num deu pra segurá, chorei com gosto. Soluçando, balbuciando mal conseguia falar. Nem parecia que era eu. Parício, eu gosto muito das cabras. Acho que o choro tocou seu sentimento de bruxa. Mas continuou xingando. Paricío ... caiu do céu um pensamento. Muita sorte, lembrei e falei: — Dona, a senhora esqueceu? Foi meu pai quem arrumou o serviço de coveiro pro seu falecido...

        Ela fez silêncio, passou um pano na cara e demorando abriu uma porta mostrando a cabra.

        — Quando vi a Cabana, ela olhava pro chão, triste num canto escuro. Quando me viu deu um chorado lamento. Gosto muito dela, também chorei, é a mãe e avó da maioria.

        A velha da quinta ocê conhece. Pedi desculpas, implorei. Ela só falava: minha alface crespa, minha alface nova...

        Ela é aquela rezadora sempre vestida de preto, preto também o lenço na cabeça A casa esta toda fumegada do fogão a lenha. Pode ser uma santa rezadora, mas o pano preto na cabeça, o nariz curvo, enrugada, boca chupada, uma verdadeira bruxa. É dessa aí que minha irmã sempre fala, tem medo.

        Quando soltou a gente ela disse: Vou passar tempo tomando leite de cabra, viu menino? Riu que nem gralha com voz de taquara rachada. Nessa hora, assustei, passou o soluço. Até mexi no estilingue.

        — Vamo embora daqui, - disse o Aparício. Até eu tô com medo!

        — Entrando no portão de casa gritei: Manhe cheguei!

        — Nossa filho, ocê demorou.

        — O pasto tava bom mãi.

        — Tá bem filho! Como a Cabana tá cheia! Hoje comeu bem, heim

        — E como, mãe.

...PRECISO ME PREPARAR. AMANHÃ ELA NÃO VAI DAR LEITE...

Cena da Infância. - Mario Augusto M. Pinto



Cena da Infância.
Mario A. M. Pinto

Logo cedo, meu pai, antes de ir trabalhar sempre lê as manchetes do jornal e separa os cadernos, deixa todos arrumados em cima da mesa onde tomamos o café da manhã, mas hoje o jornal não foi usado.

Ele não leu. Estranho. Leio a parte de cima da primeira página com uma foto que chama a atenção para a notícia da passagem de um tal de Zeppelin por aqui ao redor das duas da tarde e que depois vai para Florianópolis. O tal do Zeppelin parece um charuto.

-Mannhee, o jornal diz que um tal de Zeppelin vai passar aqui hoje lá pelas duas. Vamos ver?

-O Zeppelin alemão? Lembra que eu te falei dele no outro dia? Não sei não. Acho difícil, mas em todo caso vamos esperar. Falta pouco.

-Ele passa alto?

-Deve passar.

Corro ao escritório procurando a lente de aumento na escrivaninha do meu pai.

-Menino, o que você está fazendo?

-Buscando a lente do paiNão está no tampo. Numa gaveta? Onde? Ahhh, achei.

Saio correndo pra fora de casa e minha mãe diz pra eu ficar só na calçada. Fico, e enquanto o charutão não vêm, com a lente olho o crucifixo no alto da igreja, vejo o seu Joaquim do armazém, a dona Floripes que o meu pai diz que é do clube das fofoqueiras, e a garotada do outro quarteirão, os inimigos. De repente ouvi um zumbido bem forte. Era o bicharoco, o charutão alemão.

-Caramba! Puxa vida! Mannhee, vem ver! Corre! Olha só como é grande! É grannnde!

E o charutão passa zumbindo, meio devagar. Dá pra olhar bem. É bonito, brilhante...

-Nossa! Como é que fica lá em cima? Olha, olha, jogaram alguma coisa. É um pano! Menino fica aqui!
Que fica nada. Eu quero o pano. Corri bastante; os inimigos chegaram antes e pegaram primeiro.

-Japa, ajuda aqui! Macacada, não adianta puxar...Zeca, sai pra lá... Assim vai rasgar...rasgou...tô com um pedaço, Japa, pega o teu e vamos embora. Bota sebo nas canelas e corre, corre, pernas pra que eu te quero!

Minha mãe berra: menino, volta aqui já, já; anda menino, corre, vem logo! E eu corro com uns inimigos atrás de mim querendo me pegar por causa da invasão do território deles, mas eu corro mais e eles desistem no limite do quarteirão. Fico com o pedaço de pano, pequenininho, é verdade, mas é meu e eu é que consegui pegar. Mostro pra minha mãe.

-Vê mannhee, é vermelho, branco e tem um risco preto. Toma, é seu, de presente!

-Não, fica pra você...

-Que nada!

-Tá bom. Mostra pro teu pai quando ele chegar.

- Mostro.

-Olha, pai, um pedaço de pano do charutão.

-Charutão?

-...do tal do Zeppelin; eu consegui. Dei de presente pra mãe.

Conto o que aconteceu e espero uma bruta bronca.

Não tem zanga...ele quer pegar o paninho!!!
-Deixa ver. Parabéns.

-Paulo, Paulinho, o jantar tá na mesa.

-Tá bem. Paulinho, pega a lente e coloca no lugar e vem comer.

Nossa, que alívio! O pai não ficou zangado. Isso me deu uma baita duma fome. Minha mãe disse que a corrida dos inimigos me fez bem. Abriu meu apetite.

-Come, menino. Come che te fá benne.
E eu comi pra chuchu.

O pião-Oswaldo Romano




O PIÃO
Oswaldo Romano



        Aproveitei minha infância até os catorze anos. Na mais pura verdade, quase não tive infância. Afinal, tive ou não tive! Explico: sabe por quê Foi muito diversificada essa época. Eu mesmo me coloquei os freios. Uma divertida reprimenda. Entre outras coisas eu fabricava maquininhas de madeira para empinar e recolher papagaios, fazia alçapão de taquara, carrinho de rolamento. Para vendê-los, era necessário demonstrações, exibindo-os à molecada. No interior, bambu “era mato” e rolamentos eram os descartados do Ford do pai. Estes serviam também como eixo da roleta. Como moedas aceitava caixas de fósforos e funcionava na garage do pai quando chovia, minha indispensável oficina.

        Quando o Professor Américo veio morar próximo de casa, onde alugou um quarto da família do Seu Zé marceneiro, já estava juntado com a professora Violeta, a mais bonita do nosso Grupo Escolar. Olhada até pelos pirralhos da minha idade. Nas suas horas de lazer esportivo, ficava observando nossas disputas. Sim, disputávamos quem derrubaria o quadrado do outro. Ele me chamou, quis ver a maquininha.

        — Parabéns, disse. Só que seus quadrados são muito pesados. Faço um para você ver a diferença. Você quer?

        — Claro, acompanho, quero aprender.

        — Traga as varetas, cola, papel de seda manteiga e linha Corrente.

        — O homem sabia! Foi fantástico! Eram leves, cheios de graça, muito delicados. Com rabo e brincos, ou sem, foi rápido o aprendizado. Aumentaram  minhas vendas, e como! Tanto que deixei de vender os piões, eles foram meu carro chefe, mas não podia fabricá-los. Eu não tinha o torno. Por vezes fornecia a madeira trazida do sítio e própria como, Ipê, Sucupira, Cumarú, Páu-D’alho para o torneiro o velho Cosme, não bastasse, reclamava doces. O torno era coisa de gente grande. Criança queria era estilingue, pneu p’ra rolar, arco p’ra rodar e lago para nadar. Nunca esqueci o segredo da jogada do pião, ele está no trato do barbante, e o aprendizado só aparece depois de levar muitas na canela e o barbante encerado firmar-se ao monta-lo...

Casamento? - Mario Augusto M. Pinto






CASAMENTO ?
Mario A. M. Pinto

Nós nos encontramos às quintas–feiras para tomar café, comentar algumas notícias da semana, contar piadas e encontrar assunto para falarmos durante algum tempo sem compromisso com nada e com ninguém, só que hoje o cara soltou o mau humor todo da semana de uma vez só. Ele fala, gesticula, arrasta a cadeira, até dá tapas na mesa e já derrubou uma xícara de cappuccino. Está incrível de agitado. Já o vi assim há alguns anos quando discutiu em publico com um vereador e arrasou o cara. Chegaram às vias do fato e tive que separar a briga. O cara estava louco de bandeira, eu nunca tinha assistido coisa igual.

Hoje ele já está falando há mais de hora.  Nem sei como o assunto começou, só sei que ele começou contando e fiquei sabendo detalhes sobre sua vida desde quase seu nascimento até os dias de hoje quando está idoso – digo assim porque não sei bem a idade dele. Estou convicto de que estava desopilando o fígado da sua existência com bílis e tudo. O impressionante é que fala sem parar e quase que seguindo uma cronologia. Diz do colégio, da faculdade, de colegas, amigos e das namoradas. Algumas eu conheci: todas tinham corpão e eram bonitas. Benza Deus. Nesse particular o cara tinha muita sorte ou sabia escolher muito bem.

Estava meio desligado, mas agora está começando a falar da sua vida de casado, como tudo começou.

Pensei comigo mesmo: Cristóforo Colombo!!! No estado em que esse gajo está vai ser de lascar!!! Que pecados tenho para ouvir essa história? Não há escapatória: só tenho que ouvir.

Diz ele: Tudo começou no estalo, no dia e na hora em que a vi pela primeira vez. Disse para mim mesmo: é com ela que vou me casar. E foi. Nosso namoro foi de uns três anos, de estudantes, morando um longe do outro. Eu não tinha carro de modo que falávamos diariamente por telefone e geralmente íamos ao cinema aos sábados e domingos, sempre com outros casais de amigos e com hora certa para ela voltar para casa.  Gozado, lembro que chegamos a tomar chá no Mappin e na Confeitaria Alemã na Rua Barão de Itapetininga. Ambas tinham pequena orquestra no salão. Era muito chique. Eu já estava trabalhando quando estudava e ficamos noivos. Ela, de família de posição econômica melhor do que a minha, levava vida de pequena burguesa, ia ao cabeleireiro, à costureira, estudava violão. Fez até curso de cozinha! 

Coisas assim.

Seis meses depois de minha formatura nos casamos. Viagem de núpcias curta de acordo com o meu dinheiro curto – por aqui mesmo. Fomos morar na casa dela. Não tenho queixa nenhuma disso; ninguém dava palpite na nossa vida. Tivemos um casal de filhos. Pouco participei da vida deles.  Solucionava os problemas domésticos à medida que apareciam e me dedicava ao trabalho, exaustivamente, a qualquer dia, qualquer hora, em qualquer lugar. Culpava os outros não conseguindo os resultados que queria, mas culpava convicto. Sempre os outros. Isso tudo foi causando meu afastamento da família, imperceptível no começo. Minha mulher constatou isso antes e me avisou e comentou várias vezes e eu sempre dizia que ela tinha caraminholas na cabeça. Acontece que o nosso relacionamento foi se deteriorando. Discutíamos muito, acaloradamente, aos berros. Era um horror, mas eu sem perceber minha teimosia e cegueira aos fatos achava que estava certo e continuei me comportando da mesma maneira. Não percebi direito meus filhos crescerem, terminarem as faculdades, começarem a trabalhar. Mas depois de algum tempo o trabalho já não me satisfazia; para evitar questionamentos ficava mais tempo no escritório, chegava cada vez mais tarde para jantar, procurava derivativos. Imagina que eu passei a ler por inteiro o Diário Oficial do Estado! Fazia queixas cada vez mais constantes, a qualquer empecilho colocava a culpa nos outros, nos colegas, nos auxiliares. Ela percebeu essa nova faceta do meu comportamento:  eu estava passando do autossuficiente que dizia ser e fazia o que julgava certo sem se importar com a opinião dos outros,  para um sofredor de humilhações feitas por terceiros. Acho que quando ficou preocupada demais das minhas lamúrias recomendou-me consultar um psiquiatra que ela mesma procurou e indicou. Não percebi que ela estava querendo me ajudar! Eu fui, mas nada dizia ao dito cujo porque continuava achando que eu estava certo e os outros errados. Nem me dei conta do que se passava comigo quando o psiquiatra disse que pelo que eu dizia eu não precisava da ajuda dele. Como chamar isso? Ignorância, burrice, cegueira, teimosia?  Não sei; o fato é que continuei na mesma. Nem notei a mudança de comportamento de minha mulher, dos nossos filhos, dos casais amigos, dos conhecidos. Pra mim eu era o non plus ultra do pedaço e pronto. Os incomodados que se mudassem e eles se mudaram. Deixei meu trabalho de quase trinta anos na firma da família e passei a trabalhar em outras empresas com o mesmo gênio do cão e fui despedido várias vezes.  Mudei de atividade, passei a dar consultoria e me senti melhor: é que eu colocava minha análise, minhas recomendações e indicações. A solução era minha. Se não seguiam minha indicação final “agazagar sedeu”, iriam continuar tendo encrencas; o problema de aceitar ou não era dos outros. Dos outros! Gozava quando tinham encrencas. Não me queixava demais ou de menos. Os filhos se casaram, saíram de casa e fiquei só com minha mulher, mudei meu comportamento só um pouquinho.  Continuei autossuficiente e olhando meu umbigo. Nem me dei conta de quando parei de dar consultoria: foi aos poucos e, de repente, parou. O “e agora o que vou fazer?” que todo mundo pensa ou fala foi posto de lado; não me preocupei; a solução chegaria. Ainda não chegou. É uma “méldia”? É, quero ajudar a chegar, mas não sei como fazer. Agora estamos brigando cada vez mais, mais intensamente, já chegamos aos gritos, a ofensas familiares e pessoais. 

             Confesso que cheguei a ter vontade de agredir minha mulher tão grande era meu desconforto por ser apontado e acusado como culpado e não aceitar a culpa. O abatimento moral é grande. Fica de pouca duração, é que evito contato com ela e falo só o indispensável. É assim que agora temos levado nossa vida. Graças a Deus os filhos não se põem no meio desse imbróglio todo apesar de minha mulher falar com minha filha. Minha mulher me diz que minha presença a atormenta, que lhe faz mal. Percebo tudo isso e procuro mudar e tenho mudado algumas coisas de meu comportamento, mas sei que isso pouco ou nada importa na opinião dela. Sei que está chegando a hora de uma decisão final a respeito dessa situação, mas eu não sei o que fazer para não haver um rompimento definitivo entre nós. Não é bem a situação de se ficar o bicho come se correr o bicho pega, mas eu não quero romper com ela. Podem dizer o que for, eu ainda gosto dela com todo o pouco caso  demonstrado sem reserva por ela, com as coisas que faz sem pedir minha opinião – a bem da verdade digo que ela comunica algumas delas. Eu sei que preciso mudar. Mudar tudo aquilo que consciente ou inconscientemente sei que a desagrada, observar, notar como reagem as pessoas mais chegadas a nós, ser mais cordato, ficar de boca fechada quando pinta aquele clima de cachorro louco entre as pessoas. Externar poucas opiniões, de preferência dar um sorrisinho quando perguntado, aproveitar que todos sabem que sou meio surdinho, fazer de conta de não ouvir a pergunta ou uma opinião diametralmente oposta à minha, não ser notado, ter cor do burro quando foge... Mas eu me pergunto: tem que ser assim, mudar tanto, engolir sapos ás pampas, sim porque as pessoas, hoje, não são muito inteligentes,  viver no faz de conta quase no fim da minha vida? 

            Ele olha pra mim buscando uma resposta que, depois desse desabafo, não sei e nem posso dar.

            Fico olhando pra ele com um sorrisinho na boca. Pra falar alguma coisa digo:

-É...

-É, uma ova! Você bem que pode ajudar a me centrar, mas tem medo de encontrar a chave. E não vai  contar pra ninguém se encontrar É sempre assim. Vai, pede a conta que eu pago pelo aluguel dos seus ouvidos.

             Com ele de mau  humor fomos embora com um “Tchau, tudo de bom. Um abraço. Até quinta”.

            Eu me pergunto: Como será na próxima quinta? Veremos, veremos, diria um cego. E um surdinho?
           
Mario Augusto Machado Pinto.                         março 2.013.
marioamp@terra.com.br

CRÔNICA DE UM CASAMENTO - Oswaldo Romano





CRÔNICA DE UM CASAMENTO

Oswaldo Romano

            Acabei sendo um profissional da fotografia, quando fazia parte e um dos fundadores do Velocino Moto Clube. Depois das nossas doidas excursões, amplamente fotografadas, não resistíamos a curiosidade de ver o resultado das nossas aventuras.

 Caiuby, dono de uma Norton 500CC, um de nossos companheiros, morador do bairro Alto da Lapa, tinha orgulho pessoal do laboratório fotográfico existente no subsolo da sua casa, deixado pelo falecido pai.

            Foi ajudando-o nas revelações desde os negativos às ampliações que aprendi, tomei gosto, li muito a respeito,  me aperfeiçoando nessa arte. Montei laboratório próprio e parti para tirar proveito, ganhar algum.

            Era um fotografo a disposição. Pilotando uma Harley 1200CC, levando meu equipamento à tira colo, achava que fazia sucesso. Os mais rentáveis trabalhos, primeiro casamentos, depois formaturas, festas e jornais. Considerava ainda como bico, uma vez que o horário de trabalho era à noite, e sábados e domingos. Laboratório de madrugada! Como bico ganhava bem, tinha orgulho do serviço, na época considerado técnico, pois, poucos conheciam o manuseio das complicadas câmeras e o milagre das revelações em intrincadas banheiras e seus sais.

            Um dia,  prometi deixar esse gostoso e cansativo trabalho, teria preferido que o dia não existisse. Pena, porque até então não havia a película colorida e ela estava chegando, revolucionária. Meu colorido era  pintura com guache, assim enobrecia as poucas e principais fotos, mas longe do cromo da Kodak.

            Foram muitos os casamentos. Filmagens, só eventuais com câmera de 16 mm. Câmeras de 35 mm, raras e impossíveis levá-las na igreja. Só preto e branco. Os casamentos eram antecipadamente publicados nas igrejas, fonte da maioria das futuras reportagens. Endereços? O coroinha responsável, gratificado, fornecia. Mas aquele dia...

            Como nem todo equipamento era da mesma geração, estava sujeito a surpresas. Tinha a sincronização do flash, que a abertura do diafragma deveria acontecer variável conforme a luz, e porque não  dizer: Meu estado de espirito. E a sensibilidade do filme... Tudo era surpresa quando da revelação. Fora do mês de maio, dias de poucos casórios, nessa temporada oferecia até desconto, como o casamento desta história, igreja e festa.

 O casal, noivo e noiva,  eram bem morenos, bem apanhados, mas de poucos recursos, diria que simples, mas cheios de expectativas com a festa e seu álbum. Usei quatro rolos de filmes. Na revelação, um não registrou nada, as 36 fotos saíram queimadas, pretas. Foi o rolo em que os noivos posam, aqui, ali, sorri, ela sentada, ele de pé. É justamente esse!


  Só vi isso quando já estavam na lua de mel. Na volta doidos para verem as provas, receberam a triste notícia. Eu tinha que explicar, não foi fácil, mas como se os demais foram bons? Sabe Baltazar, poderia culpar a fábrica, mas não, eu coloquei o rolo errado, ele girou mostrando a face externa e não o lado de impressão da película. — Um profundo silêncio tomou conta do ambiente. Fiquei emocionado, ela verteu lagrimas. Baltazar, eu disse: E agora? Novo silêncio. Olhavam para o chão – acompanhei, meditamos. Quebrando o clima arrisquei uma solução, talvez a única. Vestirem-se novamente.


Esperei temeroso sua reação. Matutei... um baita/azar mesmo, seu Baltazar. Deu certo, suspirei. Improvisamos cenários no local, alguns fiz na técnica de laboratório, completei o álbum, caprichei no retoque das profundas olheiras da noiva, naturais na volta de uma lua de mel.
            A falada gota d’água transbordou pondo fim nessa minha profissão.




A Goiabeira e o Mundo - Christiane Lopes




A Goiabeira e o Mundo
Christiane Lopes

No tempo da minha infância eu andava de pés descalços pelo arvoredo que parecia imenso. Lá não havia carro, não havia pessoas estranhas e nem comércio. O mundo de minha infância se resumia a casa onde vivíamos e aquele arvoredo.

Não tínhamos televisão e as visitas eram raras, assim os dias passavam guiados pelo nascer e pôr do sol. Tudo era terra, mato, árvores e animais domésticos – sem falar em algumas cobras venenosas que passavam por ali. Nossa vida era tão simples que parecia que iria durar para sempre. Eu e meu irmão brincávamos com sabugo de milho, eles viravam cabeças de gado e, às vezes, nos empenhávamos em fazer cercas e porteiras para que nossa “criação” não fugisse. Mas o que eu mais adorava era subir no último galho da  goiabeira e ficar inventando histórias, cantando e imaginando mundos impossíveis. No tempo da minha infância eu achava que o mundo era aquilo que eu via e na minha precoce curiosidade, a goiabeira me dava um olhar privilegiado: um olhar de pássaro que via tudo de cima e podia admirar os campos à distância. Assim eu ficava a ver o mundo  e minha imaginação voava longe...longe...até que caia a noite e minha mãe me chamava para entrar e o mundo voltava a ser só a casinha silenciosa na penumbra de um lampião de querosene....e lá fora no arvoredo, a goiabeira dormia tranquila sem minhas histórias.

Uma agenda muito usada no balcão do café - Mario Augusto M. Pinto




Uma agenda muito usada no balcão do café 

Mario Augusto Machado Pinto

Era um dia de chuvisco, aquele com a marca registrada paulistana quando a gente só quer tomar bebida quente, mas não pode ser muito quente senão queima a língua. À noite só fondue e vinho com canela ou gengibre? Pois é, esse era o dia.

-Bom, vou indo “seu” André. Até mais.

-Espera aí. Toma mais um cafezinho pra esquentar. Está frio pra caramba.

-Um cafezinho até que vai bem - disse agradecendo.

Enquanto esperava pelo cafezinho fiquei olhando em volta. Reconheci vários frequentadores, aqueles habitués  jogadores de escopa.

Havia aquele casal de funcionários públicos aposentados,  ele lia o jornal; ela fazia tricô, afinal estava fazendo frio; um senhor de aparência bastante idosa, barba e cabelos brancos que não viam o barbeiro há secula seculorum que fez um sinal me cumprimentando ; o entregador de jornais que já entregara todos, um coletor de apostas de jogo do bicho, o vendedor de abacaxi e uns estudantes fazendo algazarra.   E para minha surpresa, bem ali do meu lado encima do balcão,  uma agenda com capa acinzentada que já havia sido preta.

Peguei-a , olhei em volta outra vez, abri na página inicial,  para saber de quem era. Nada escrito,  só um borrão que parecia ser batom.

Comecei a folhear e a ler algumas das anotações diárias escritas numa boa caligrafia.  Li mais atentamente e notei a variedade de assuntos e fatos anotados sucintamente e opiniões quase que lacônicas sobre pessoas com nome e tudo.

Era assim: dia e hora tais. O Dr. Agnelo se queixou da família. Ficou contente porque tudo funcionou bem.   

Outro dia e hora: o dono do armazém disse que vai aumentar o preço das coisas por causa da inflação. Conversou bastante. Eu quase dormi.

No dia assinalado em vermelho como sendo o de N.S. Aparecida: os romeiros ficam olhando; é muito desagradável. Rezei e dei no pé.

Outra: a Filô quer sair, mas eu não gosto dela. Não adiantou insistir, não saí.

E havia anotações diárias até chegar ao dia de hoje.

Na folha do último dia de cada mês havia um registro de valores e totais semanais. Deviam ser anotações  de comissões sobre vendas ou algo parecido porque eram valores quase sempre iguais. Era uma soma bem boa, diria até elevada.

O Seu André colocou o cafezinho na minha frente e eu aproveitei para perguntar:

-O Sr. sabe de quem é esta agenda que encontrei aqui  em  cima  do balcão?

-Deixe-me ver. Ahn, é daquela moça que saiu daqui com o juiz de futebol.
Boazuda. Não reparou, não? Deixa aí que ela pega quando voltar. Isso acontece sempre. Ela diz que é para proteger os clientes...

-Daqui? Isso nunca aconteceu comigo.

-Não tenha pressa, disse o “seu” André. Você vai cair na rede quando menos esperar, feito peixinho e não vai reclamar.

-Tchau, tchau. Olha “seu” André, eu gosto de café, não sou peixinho não, mas vai que num dia sem querer eu deite na rede -  falei já indo embora.

É –  pensei –  será que uma aventurazinha não iria bem? Pode ser, podia acontecer. Faz tanto tempo que não muda nada; não acontece nada, é sempre  mesmo reme reme. Vai de eu gostar... Ra, Ra, Ra, deixa pra lá, cara! O trabalho te espera e o chefinho também. É isso aí.


Mario Augusto Machado Pinto                     Março 2.013
marioamp@terra.com.br

UMA CARTEIRA SOBRE UMA CADEIRA DO RESTAURANTE - Oswaldo Romano






UMA CARTEIRA SOBRE UMA CADEIRA DO RESTAURANTE
Oswaldo Romano


            Neste domingo, eu e meus filhos, coisa rara de acontecer, nos reunimos em um destacado restaurante. A conversa girou em torno das atividades, dos netos, chegando às sogras, sogros, enfim envolvia toda família.

            Estão acostumados, são frequentadores das lanchonetes, sempre elogiando as comidas e levantando elogios deste ou daquele local. Contrariando a todos lembrei a impossibilidade de servirem uma comida feita na hora para tanta gente. Certamente são requentadas, se não reaproveitadas. Meu prato deixou a desejar. Além de demorado a carne do pato estava dura e sem gosto.

            — Pai, o senhor não deve estranhar. Sempre é o senhor que paga o pato...

            Saindo quase sempre descontente, tomo o cuidado de ver que não tenham esquecido nada, o que acontece com regularidade. Neste domingo, vi que na cadeira da mesa ao lado deixaram, tudo indica caída de uma algibeira, uma carteira! No instinto, apanhei-a mostrando a um dos filhos. Procuramos descobrir seu dono. O garçom desconhecido, não mereceu minha confiança naquele ambiente de tanta gente. Resolvemos abri-la, procurava um documento, um cartão, enfim algo que a identificasse. Tinha inúmeros papeis a maioria sem importância. Noutro compartimento muitas fotos diferentes de crianças, sempre as mesmas, não passavam de três, uma menina e dois meninos. As fotos mostravam os seus crescimentos.

            Junto aparece a de um casal, sorridentes, sem dúvida membros da família.
            — Disse ao meu filho – não são os pais, são os avós.

            — Pai como você sabe que são os avós? Como você chuta... Pai.

            — Fossem os pais, teriam muitas fotos juntos e não só uma. Os pais têm seus filhos na carteira e junto à constituição da família. Toda vez que abre a carteira, sente sua responsabilidade pela prole. Essas responsabilidades avolumam-se a tal ponto que ele é cobrado pelas fotos diariamente. Há casos de o Pai chegar ao desespero!

            Filho, vamos procurar a gerência e entregar essa carteira.

            — Pai. Será que são filhos de pais separados.

            — Quem sabe...

            — Óóó Pai. Você esta querendo deixar a mãe?

            — Desculpe filho. Soltei a língua sem muito pensar.

            — Então me diga: Porque são os avós? Fale Pai.

            — Veja em seus olhos, exalam o amor, sorriem para o  mundo, nada têm que os preocupem.
            — Pai... eu falo, são os Pais...

            — Não filho, a idade não perdoa. Observe as rugas da avó, pelos brancos no avô. Olhe suas mãos, estão manchadas e enrugadas.

            — Pai. Nosso avô, a avó, são bonzinhos também?
            — Áh ah ...chega filho, chega. Nada a ver, eu estava só navegando...

                                   Tudo por causa dessa porcaria de carteira...

O casamento - Christiane Lopes





O Casamento

Lá estava eu admirando os apaixonados noivinhos em cima do bolo quando percebi uma gritaria que destoava daquele cenário idílico. Virei de costas para os enfeites de biscuit e me deparei com os noivos em tamanho real: a noiva gritava histérica enquanto os convidados, espantados,  olhavam uma faca em suas mãos trêmulas. Aos poucos fui me inteirando do  insólito acontecimento: a noiva, enlouquecida, acabara de saber que o marido queria o divórcio. Isto poderia ser algo corriqueiro, não fosse o fato de que o casamento acabara de se realizar. A moça procurava, em sua loucura, descobrir os motivos do  marido, ou melhor, ex-marido.

- Como assim?! Separar?! Hoje?! Agora?! Já???

O marido, entre a sua reputação e a faca, tentava agarrar-se num discurso lógico para explicar-lhe o ilógico:

- Querida, essas coisas acontecem com qualquer casal. O casamento já não é mais pra toda vida. Você tem que entender que nós tivemos ótimos momentos juntos, mas acabou... Como tudo acaba...E eu conheci uma outra pessoa há um minuto e tenho o direito de refazer a minha vida... Como você. Podemos ser bons amigos! 

O padrinho tentou intervir, não sabendo se ficava do lado da noiva, alucinadamente lúcida, diante tamanha sacanagem ou do noivo, sobriamente inconsequente na sua fugacidade.

A mãe da noiva, que já estava preparando-se para ser avó,  desmaiou pensando na filha casada, separada,  grávida – e talvez, viúva -  tudo ao mesmo tempo, agora! O pai do noivo, meio bêbado, sem saber de nada perguntou:

- Vamos cortar o bolo? Quando se deu conta, na sua embriagues, que a noiva queria cortar o noivo e não o bolo, ficou sóbrio na hora.

Alguns mais econômicos acharam que era coerente aproveitar a festa de casamento para já comemorar o descasamento, afinal não é assim mesmo?  As coisas sempre acabam!  No geral as pessoas saíram todas cabisbaixas e desiludidas. O que falar no dia seguinte? O fato era tão absurdo na sua velocidade contemporânea que tirava o prazer da fofoca apaixonada. Como criar empatia, discutir e tomar partido num evento relâmpago? Não, essa história nem deu tempo de virar uma história!  Suspirou uma fofoqueira de plantão. A noiva não cometeu o desejado assassinato. Acabou sendo convencida pela cunhada, psicóloga e advogada, que era melhor assim, afinal, hoje em dia, , os casamentos não duram nada mesmo! O escrivão que viera para realizar o evento, aceitou anulá-lo pelo mesmo valor e o prejuízo não foi tanto. Eu fiquei pensando na velocidade do tempo, na correria do dia-a-dia, nas notícias dos jornais, nas revistas de fofocas e conclui que gosto mesmo é da ilusão do “E Foram Felizes para Sempre!”  Mesmo que no outro dia tudo acabe... Mas, por favor, vamos esperar pelo menos o dia seguinte. Peguei os noivinhos de cima do bolo e levei de lembrança.

O SEGREDO DA MINHA VIDA - Mario Augusto M. Pinto







O SEGREDO DA MINHA VIDA 
Mario Augusto Machado Pinto

Eles se conheceram trabalhando no mesmo local apesar de para empresas diferentes. Foi no piso do Pregão da então chamada Bolsa de Valores de São Paulo comprando e vendendo ações e títulos por conta de terceiros. Sempre corretos, a amizade foi se solidificando com o correr do tempo passando de negócios para assuntos pessoais e algumas vezes até íntimos e familiares.

Um era alto, meio gordo de barriguinha de pároco; o outro era menor, não era nenhum varapau mas era mais magro. Trabalhavam com tanta harmonia que seus colegas os chamavam de o Gordo e o Magro, como a dupla conhecida do cinema. Os dois aceitavam e riam muito das gozações e piadas. Chegaram a inventar um Carlitos...

Certo dia o Magro disse ao Gordo que estava com problema para tocar pra frente aquela pendência familiar conhecida de ambos.Segredo até das mulheres.

Entre eles não valia o ditado que diz ”se você quer que alguém guarde segredo de alguma coisa, não conte”.

Eram amigos de verdade. Sabiam da vida e milagres de cada um e esse saber ficava guardado dentro de uma tumba. Eram tão amigos que pela respiração de um o outro já sabia o respectivo estado de espirito.

Foi assim o combinaram para tratar do assunto ainda segredo: quem ligasse primeiro deixava o telefone tocar por duas vezes e desligava; depois deixava tocar uma vez e desligava e finalmente, uma vez e desligava. Quem concordasse ligava de volta e fazia os toques em ordem inversa; dez minutos depois deviam se encontrar no local já predeterminado. Era perto dos dois.Foi o que fizeram.

-E aí, Magro, tudo em cima, em ordem?Cadê a alegria?
-Não, não está.

-Só tem que estar! Na véspera você me diz uma coisa dessas? Você está me gozando. O que sucede? Desandou a maionese? Já disse pra você que na sua situação, eu gargalhava o dia inteiro.

-Gordo, sucede que como combinamos não vai dar pra fazer.
-Mas por que, homem de Deus?

-Porque vou ter que falar com pelo menos um. Não posso começar com meu neto. Tem que ser um adulto da família. A primeira pergunta vai ser: a troco de quê devo me encontrar com você? O que você pretende? Vou dar respostas evasivas, vai desconfiar e vai comentar com os outros. Todos tem língua de trapo. E aí, já viu, né?

-Se vamos pensar assim é provável que você esteja certo. É. Pensando bem é bem possível que aconteça. Como você vai fazer?

-Sozinho. Gordo, olha, pode ser que seja melhor.Faço tudo direitinho. Dou um jeito depois.

-Tá bom. Concordo. Então faz assim. Espero que dê tudo certo. Faz e não conta pra ninguém até você começar a rir novamente. Vai ser o seu segredo por algum tempo. Aguenta o mais que puder. Você deve gozar dessa situação. Você será um homem poderoso, dono de um segredo valioso e fantástico! Conta comigo pra o que for! Felicidades! Você merece.

-OK. Já me sinto aliviado, sem aquela tensão de quando começamos a conversar Aliás, conversa curta como sempre entre nós. Tchau. Obrigado.
E cada um foi para o seu lado. Um ainda pensando em como resolver e o outro pensando em como seria feito.

Mario Augusto Machado Pinto                               Março 2.013
marioamp@terra.com.br